Ausência.

Dia desses recebi uma foto de uma amiga grávida de sete meses.

A foto dela me deu uma saudade de ter barriga grande, sentir sono sempre, acordar de madrugada a cada 20 minutos para fazer xixi, enfim... saudade da minha gravidez.

Gravidez que parecia não ter fim. Gravidez de uma angústia apática, de um sentimento de perda. Perda de mim mesma. Perda e morte de uma velha mulher.

No e-mail, minha amiga descreve a sensação de estar grávida e fala com ternura do marido. De como ele ficou mais interessante depois que se descobriu Pai.

Nessa frase, confesso, fiquei com inveja. Inveja boa (se é que isso existe) de querer ter para si, algo semelhante que outro tem. O que ela tem, e terá assim que a Manu nascer.

Não culpo o pai dos meus filhos pela ausência. As coisas foram como tiveram que ser.

Mas eu queria, queria muito.

Queria ter tido, queria sim, alguém para aquecer meus pés de noite. Alguém pra tirar fotos e mais fotos de cada dia da gravidez - e espalhá-las pela casa. Alguém para me acompanhar nas consultas médicas e se emocionar nos exames de ultrasom, se emocionar com o som do coraçãozinho dos bebês.

Alguém para encostar a cabeça na minha barriga, que não seria mais minha e sim "nossa", e fica horas infindáveis conversando, cantando, tentando entender cada movimento, cada resposta.

Queria ter tido, a mão amiga para segurar a minha, na hora da cesárea. A mão para afagar meus cabelos e dizer que estava tudo bem, que ele estava ali junto de mim. Esperando nossos filhos.

Queria ter tido, a companhia nas primeiras madrugadas cansativas e pesadas. Embora tivesse o apoio e carinho da minha família, ainda sim, eu queria ter tido.

Queria ter tido a presença do pai dos meus filhos, qualquer pai, que fosse apenas pai.

Pai que hoje, faz falta quando chega o dever de casa e nele pede-se para entrevistá-lo.

Pai que faz falta no dia-a-dia. Para levar na escola, ir à reunião de pais, levar na praça.

Pai que faz falta para jogar bola com o João.

Pai que faz falta para explicar à Aninha o que ele faz no seu trabalho.

Pai que faz falta. Muita falta.

Que constrói. Acompanha. É amigo.

Sinto falta de um pai. Pai para meus filhos.

Vazio.

Sabe quando você tem a sensação que tá faltando algo?

Vazio absoluto?

Tô assim.

E o pior (ou melhor), tô me sentindo ÓTIMA!!!!!!!!

Parece que tudo tá no lugar, caminhando, crescendo, acontecendo.

O vazio deve ser da inércia das mudanças, situações inusitadas, ou sei lá, porque tudo está como deve ser.

Vazio bom. Prazeroso.

Vazio de preenchido. De paz. Tudo tranquilo...

Vazio bonito.

Viva meu vazio!!!

Riqueza

Um sorriso. Dois.

Abraço e olhar carinhoso.

Afeto.

Dengo e aconchego.

Mais dengo.

Palavras mágicas. De pura verdade.

Entendimento. Respeito.

Ciúme de um e de outro.

Construção diária de amor. E mais amor. Amor, amor e amor.

Cada dia, fico mais rica. Enriquecimento que enche a alma. Traz sentido para tudo. É tudo.

Rica de amor. Muito amor... e mais amor. Até não caber mais (e sempre cabe!)

João e Ana. Riqueza nobre, digna de uma rainha.

Assim que me sinto. Assim eu sou.

Minha foto
Eu sou assim. Um pouco de tudo, solta no mundo, sem molde definido. Tenho algumas convicções, mas nada eterno. Gênio forte, às vezes muito impositiva. Sou um paradoxo de mim mesma. Frágil, mas forte. Séria, mas palhaça. Mulher, mas menina. A única coisa que quero nesta vida é paz. Paz de consciência, paz de espírito. Paz e tranquilidade com a convicção de que fiz o que havia de ser feito. Amo a lua. Sou virginiana, mas acredite, meu signo me contradiz. Hoje, antes de tudo, sou mãe. E, esta é a melhor opção que fiz pra mim. E pra eles. Amo chocolate. Meu Deus está num pote de sorvete de maracujá. Não tenho mais segredo. Só alguns medos. Muitos sonhos.

Sobre este blog

Escrevo porque descobri que gosto. Gosto de brincar com as letras, palavras e idéias. Escrevo porque me descubro. Escrevo sem compromisso. Nem preocupação. Só por escrever. Escrevo de uma vez. Não tem correção. Desta forma, mantenho a autenticidade. Então, se você achar algum erro, perdoe-me, não há como corrigir. Um texto já pronto não pode ser reescrito, perde o sentido. Então escrevo...