A verdade é que me casei. Me casei sozinha.
Sem cerimônia, sem papel assinado. Sem testemunha.
Me casei com a ilusão de que seria salva, de todos os meus medos, de todas as duras lições que a vida tinha me dado até então.
Teci sonhos e vivi deles, até que a verdade, que me aceirava diariamente, vestiu-me de razão.
E a ilusão de que tudo era perfeito, desfez-se como castelo de areia - de uma vez só, sem ter me dado tempo para pensar, para agir.
A verdade é árdua: fiz do outro o centro da minha vida.
E mais verdade ainda é não ter percebido isso, durante tanto tempo.
E a melhor das verdades é que aprendi muito e o melhor de tudo é que ao sanar a dor, o aprendizado cresceu, amadureci e me tornei uma pessoa melhor.
Verdade.
Espelho.
Eu me olhei. Enxerguei. Me explorei.
Fiz um pacto comigo mesma. Um acordo unilateral. Eu e mais Eu.
Numa cumplicidade resoluta. Firme.
Um acordo para perdurar o que de bom existe em mim. Impelir o que não cresceu.
E florescer, como faz a primavera ao deixar que desabroche as flores, os aromas e o sol delicado.
Deixar nascer o novo, mas apenas o que é bom. Deixar entrar somente o que fortalece. O que se aproveita.
E me curar. Definitivamente.
Sabedoria.
"RECRIA TUA VIDA,
SEMPRE, SEMPRE.
REMOVE AS PEDRAS E PLANTA ROSEIRAS
E FAZ DOCES.
RECOMEÇA."
Cora Coralina
Triste isso.
Hoje nada me faz rir. Nada me faz ter pensamentos bons. Nada consegue me dar ânimo.
Não deveria ter saído de casa, levantado da cama ou até mesmo aberto os olhos.
Tantas coisas acontecendo e uma grande sensação de estar perdida.
Coração prediz algo incomum.
Talvez o mundo seja estranho. E, nós, meros mortais fazemos parte dele. Ou nós é quem somos estranhos.
Preciso desabafar e acho que talvez aqui seja o meu canto pra fazer isso.
Se não é, já foi.
Engraçada a vida. Quando menos se espera tudo muda, e por mais que eu tente "abstrair" e olhar a situação com outros olhos, não consigo sair desta tristeza, deste pesar.
Triste isso. Sei que é. Talvez seja TPM. Quem sabe amanhã isso tenha ido, como veio.