Tio Luiz.

Meu tio se vai...

Aos poucos... A cada minuto... Ele se vai...

Cansado de lutar, seu corpo já não suporta tanto sofrimento, tanta dor...

E ele se vai... A cada lágrima nossa, cada oração, cada gesto de carinho.

Não há mais o que fazer, dizem os médicos, agora é só esperar...

Esperar a morte. Como se ela já não fosse condição intríseca da própria vida. Ambas nascem juntas. Não é doloroso isso?

A dor é mais aguda, quando a morte está perto. De frente para nós. A espera do próprio tempo.

E o tempo dá sinais de que meu Tio precisa ir... Precisa descansar...

Vá Tio...

Vá nos braços do Pai. Encontre a justa paz e o repouso para a dor.

Confie...

Renasça.


...

Cuidado.

Ao chegar em casa me deparo com um copinho vermelho em cima da mesa.

Dentro dele havia uma das coisas que mais gosto: um pedaço de bolo de chocolate envolvido num guardanapo.

Eu pergunto pra Aninha de quem é aquela gostosura.

- Mamãe, hoje teve festinha lá na escola. Papai Noel levou o bolo e eu pedi a ele que me desse um pedaço bem grande para você.

Nisso ela me olha com aquele olhar mais afetuoso e me dá um beijo tão doce quanto o bolo:
- Amo você, mamãe.

Minha pequena companheirinha desde de cedo já cuida de mim. E eu sinto um orgulho imenso por isso.

...

Chuva.

Chuva cai fina lá fora.

No interior do pequeno restaurante está quente. Acolhedor.

De frente para a janela jantamos. Ambos. Um ao outro. Coisa de alma.

Ele me olha, delicado.

Suas mãos procuram as minhas. Um toque, me conquista.

Um sorriso. Me entrego.

A conta.

Vamos?

Abro meu guarda-chuva.

Ele me abraça, pra me proteger. E me conquista de novo.

Confissão.

Eu confesso,

desconverso,

converso,

conservo,

meus segredos,

mais transgressos,

repletos,

de reflexos,

desconexos,

e recebo um amplexo,

terno,

do padre perplexo.

Querer.

Quero um amor novo. Definitivo.

Alguém assim... Especial.

Que venha imerso em si mesmo, só assim conseguirá se doar.

Quero um amor.

Nem menor, nem maior. Do tamanho certo, como deve ser.

Quero a partilha de segredos, a cumplicidade dos problemas, o sorriso para os sentimentos mais inversos.

Quero um amor.

Que venha de braços abertos. Com a intenção de ser eterno, de ser infinito.

Que nasça e cresça simples. Que perdure... ainda que ingênuo ganhe complexidade, toda a verdade.

Quero um amor.

Amor inteiro. Intenso. Profundo.

Quero...

Estou esperando. Um dia ele vem. Eu sei.

João Roberto.

Silêncio.

Mais uma impunidade.

Mais repúdio.

Menos tolerância.

PM foi absolvido.

...

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Eu sou assim. Um pouco de tudo, solta no mundo, sem molde definido. Tenho algumas convicções, mas nada eterno. Gênio forte, às vezes muito impositiva. Sou um paradoxo de mim mesma. Frágil, mas forte. Séria, mas palhaça. Mulher, mas menina. A única coisa que quero nesta vida é paz. Paz de consciência, paz de espírito. Paz e tranquilidade com a convicção de que fiz o que havia de ser feito. Amo a lua. Sou virginiana, mas acredite, meu signo me contradiz. Hoje, antes de tudo, sou mãe. E, esta é a melhor opção que fiz pra mim. E pra eles. Amo chocolate. Meu Deus está num pote de sorvete de maracujá. Não tenho mais segredo. Só alguns medos. Muitos sonhos.

Sobre este blog

Escrevo porque descobri que gosto. Gosto de brincar com as letras, palavras e idéias. Escrevo porque me descubro. Escrevo sem compromisso. Nem preocupação. Só por escrever. Escrevo de uma vez. Não tem correção. Desta forma, mantenho a autenticidade. Então, se você achar algum erro, perdoe-me, não há como corrigir. Um texto já pronto não pode ser reescrito, perde o sentido. Então escrevo...