Da minha mãe, herdei a garra. Vontade de fazer acontecer. E faço.
Herdei a maternidade consensiosa, que algumas vezes é atroz com a narradora da história.
Herdei a habilidade de escutar as pessoas, de falar sem que peçam, dizer o que penso.
Herdei uma força descomunal ao lidar com a dor.
Herdei a fé. Incondicional.
Herdei também a preocupação com as pessoas. Das pessoas.
Não herdei o gosto exagerado pelo cigarro. Nem a troca da água pela coca-cola.
Do meu pai, herdei a fofura. Formas arrendondas.
O gosto pela boa música popular brasileira.
Um senso crítico fora do comum.
Herdei o gosto pela leitura.
O gosto pela reunião dos amigos. Com os amigos. Para os amigos.
Herdei também a habilidade pela improvisação ao cozinhar. Temperar. Descobrir.
Dele, não herdei a paixão pelo futebol. Nem da cervejinha.
De mim, João herdou o prazer em brincar e brincar. "Carpe Diem".
Um prazer incansável em desvendar pequenos mistérios, que no seu mundo são grandes desafios.
Herdou também a habilidade com as letras, o que pela idade me impressiona muito.
Herdou uma reserva, uma distância de quem não se conhece, só por garantia.
Herdou um prazer pelas histórias, pela fantasia, pelo inimaginável.
Aninha, herdou a personalidade marcante. Forte. Não aceita imposição por si só, sempre tem que haver uma explicação.
Herdou também, as formas arrendondadas.
Herdou uma vaidade plena. Por já saber que é mulher.
Herdou um jeito sapeca de conquistar as pessoas. E desbanca qualquer intenção com um sorriso.
Herdou meu jeito de falar alto. E também uma teimosia irritante.
Herdou uma força incomum. Que me ensinou muito.
Herdou o sonho feminino. De princípe e princesa. Um conto. Sua própria fantasia.
Herança.
Postado por
Flávia Almeida
2.9.08
Marcadores: Herança
0 comentários:
Postar um comentário